Luís Canotilho | Luís Canotilho | Luís Canotilho | Luís Canotilho | Luís Canotilho | Luís Canotilho | Luís Canotilho  | Luís Canotilho   | Luís Canotilho | Luís Canotilho

Canotilho | Luís Canotilho | Luís Canotilho | Luís Canotilho | Luís Canotilho | Luís Canotilho | Luís Canotilho  | Luís Canotilho   | Luís Canotilho | Luís Canotilho | Luís

 

O ramal do Vale do Sabor, actualmente desactivado, unia, num percurso de 105 km de linha férrea de “via estreita”, as localidades transmontanas

de Duas Igrejas e Pocinho. No Pocinho estabelecia-se ligação à Linha do Douro, linha férrea de “via larga” que ligava o Porto a Barca D’Alva,

penetrando posteriormente no país vizinho.

A sua construção durou 27 longos anos, tendo início em 1911, um ano após o nascimento da “1ª República Portuguesa”, terminando em 1938,

já durante a vigência do “Estado Novo”.

Sendo o caminho de ferro uma das bandeiras da “1ª República Portuguesa”, teve neste ramal a intenção de cumprir dois objectivos fundamentais

para o desenvolvimento desta zona do nordeste transmontano: o transporte do minério de ferro das minas de Reboredo e o fim do isolamento da

vasta região situada entre Miranda do Douro e Mogadouro.

No entanto, sem querer abordar com profundidade as razões, tão nobres objectivos apenas foram conseguidos muito modestamente. O grande

atraso na sua conclusão por falta de verbas e o minério que não foi explorado, associados a uma agricultura cerealífera e pastorícea obsoletas,

provocariam desde muito cedo nos responsáveis políticos a vontade de a encerrar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Realizando o percurso no sentido Pocinho - Duas Igrejas, até à estação de Felgar, a linha subia consideravelmente a uma cota de 400 metros,

percorrendo então demoradamente um grande planalto até alcançar Mogadouro. Deslocava-se então ainda mais para nordeste através do

planalto do Sabor e do Douro, possibilitando a observação do país vizinho.

O Pocinho é uma estação muito espaçosa, com vários tipos de linhas de “via larga” e “via estreita” destinadas aos transbordos mais variados

(minério, produtos industriais, produtos agrícolas, mercadorias e pessoas).  A via férrea começava por ultrapassar o rio Douro através de uma

ponte metálica com dois tabuleiros sobrepostos, sendo o inferior para passagem dos automóveis. Dirigia-se então para a esquerda acompanhando

o rio Douro, possibilitando visualizar as quintas que outrora apresentavam ricos vinhedos e olivais. Com alguma dificuldade ainda se observam

algumas amoreiras, que alimentavam o bicho da seda e que tornaram a região rica na produção de belos tecidos de seda natural. Subindo com

dificuldade através de impressionantes ravinas até Torre de Moncorvo, a linha sinuosa permitia avistar Vila Flor e a região de Carrazeda de Ansiães.

A linha saía de Torre de Moncorvo paralela à estrada para Miranda do Douro, avistando-se a serra de Reboredo muito arborizada, pintada de

vinhas, olivais, pinhais e sobreirais. Da estação de Larinho até Carvalhal continuava-se a percorrer a serra de Reboredo, começando-se então a

avistar o planalto cerealífero, atingindo a cota de 600 metros e posteriormente os 700,  perto do apeadeiro de Macieirinha.

No km 42 atingia a estação e Freixo de Espada à Cinta, situada a 14 km da vila. O mesmo acontecia com a outra vila histórica de Mogadouro.

A estação com o seu nome situava-se a 5 km.

O planalto mirandês atingia-se por volta do km 88, perto da estação de Urrós. Este planalto imenso e indefinido permite, dada sua altitude, avistar

com alguma dificuldade a serra de Nogueira bem como o morro do castelo de Algoso.

Perto da Estação de Sendim  a via férrea seguia paralela a uma antiga via romana, permitindo avistar a região planáltica espanhola de Zamora.

A linha terminava  o seu percurso sinuoso e difícil no km 105, na Estação de Duas Igrejas.

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Luís Manuel Leitão Canotilho | Professor Coordenador - Instituto Politécnico de Bragança | Portugal

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