A maltratada avenida Sá Carneiro em Bragança
   
Artigo de opinião
Publicado em 15/09/2015


(Original em PDF)

Em artigo anterior abordei alguns aspetos gerais das circulações pedonais e tecia aí considerações acerca da situação em Bragança. Foco agora a análise na avenida Sá Carneiro, até porque é uma artéria emblemática da cidade, eixo de forte acessibilidade viária e pedonal às múltiplas atividades aí instaladas e de ligação ao centro da cidade, em particular para os utilizadores do campus do IPB e sua vizinhança.

Mereceria, assim, um outro olhar que promova uma melhoria geral na infraestrutura pedonal nomeadamente nas situações mais alarmantes das quais passo a dar aqui apenas alguns exemplos.

 

A implantação da solução em viaduto, que ficou a impedir uma adequada qualificação urbanística da zona, originou até situações como a da foto ao lado.

O passeio a acabar na coluna de iluminação! A passadeira está mais adiante sem que o peão aí possa aceder em segurança e uma vez nela é convidado a subir degraus!

Ora, o que se passa é que os transeuntes lá se vão amanhando, seguindo trajetórias aleatórias nesta transição, sendo os próprios passeios sobre o viaduto bastante precários em termos de largura, entre outras deficiências notórias como as presentes nas restantes três extremidades.

Proponho que, por exemplo, se recorra ao espaço disponível na faixa de rodagem, reduzindo-a para duas vias, para assim se poder corrigir facilmente essas várias anomalias.


Outro caso caricato é o estreitamento do passeio visível na segunda foto. Parece que aqui é, admiravelmente, dada a preferência ao estacionamento de dois carros e um contentor de lixo pois haveria que promover o alargamento desse passeio à custa desse espaço lateral, como me parece ser lógico.

Finalmente a intervenção recente no cruzamento em frente aos Serviços Sociais do IPB que, entre várias incorreções faço notar que a rotunda não devia ter ficado tão grande, podendo até ter permanecido a geometria preexistente com a supressão dos semáforos e a introdução de perdas de prioridade nas vias de aproximação.

Os semáforos, que sempre os considerei inúteis ali, como se provaria pela redução dos tempos de espera com qualquer solução do tipo giratório com prioridade ao anel, como aliás está a poder verificar-se agora.


Mas o grande desatino é que, por via desta intervenção, se eliminou a continuidade do percurso pedonal pelo lado norte da avenida, sem uma travessia protegida para os peões na zona da foto ao lado.

É que não havia necessidade e agora é ver os passantes a aventurarem-se a atravessar as vias em trajetos menos apropriados e sujeitos a riscos evidentes.

Tudo isto é a prova do desprezo a que ainda vão sendo votadas as circulações pedonais. Considero até lastimável que não se verifique uma inversão nestes critérios de intervenção e não se proceda aos devidos ajustes nas diversas situações irregulares existentes na cidade e que também não se procure evitar erros futuros.

In jornal "Nordeste" de 15 de setembro de 2015
     
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