Artigo de opinião
Publicado em 28/03/2017
(Original em PDF) |
No
verão de 2015 vim alertar, em sucessivos artigos de opinião, para várias
situações irregulares relacionadas com as circulações em Bragança,
alguns deles dedicados às condições de mobilidade pedonal onde cheguei a
fazer referência num curto parágrafo ao caso das esplanadas nos
passeios, assunto para o qual resolvi alertar diretamente a Câmara dada
a relevância que entendia ter.
Assim, em outubro desse ano, escrevi ao Sr. Presidente da Câmara
apelando para a necessidade de atempadamente ser reconsiderada a
concessão de autorizações para a instalação das esplanadas nos passeios
no sentido do serem implementadas soluções harmoniosas que pudessem
funcionar adequadamente no verão seguinte. É que me venho deparando há
vários anos com a sua instalação de forma que em muitos casos impedem ou
condicionam as circulações pedonais conforme os exemplos das fotos.
Mas em maio lá voltaram a aparecer as ditas esplanadas montadas dessa
forma arbitrária, ou seja, sem que algo tivesse sido estabelecido pela
Câmara Municipal no sentido de corrigir a anormalidade ou impedir o
abuso, o que seria possível na generalidade dos casos fazendo para tal,
por exemplo, uso de espaços dos estacionamentos.
É que existe regulamentação para estes casos estabelecida pelo próprio
município que prescreve, entre outras condições para a instalação de
esplanadas abertas, a obrigatoriedade de “garantir um
corredor para peões de largura igual ou superior a 1,50 m contados a
partir do limite externo do passeio ou do mobiliário urbano existente”.
|
|
Mas as arbitrariedades do uso do espaço público não se limitam a casos
desse tipo pois em agosto surgiu a mais absurda das situações em plena
Av. Sá Carneiro com um tapume de obra sem que cumprisse as exigências
mínimas de segurança e que por ali permaneceu alguns meses nessas
condições conforme evidencia a foto ao lado.
Apresentava-se assim um autêntico desafio à coragem dos pedestres para
atravessar a via de trânsito automóvel sem a devida proteção, isto a
ocorrer numa das artérias mais movimentadas da cidade como é sabido. Nem
mesmo com a retificação efetuada posteriormente fica respeitada
cabalmente a regulamentação como se poderá constatar no local.
É que também existem normas para o caso dos tapumes de obras a ocupar totalmente o passeio
em que se refere que “é
obrigatória a construção de corredores para peões, devidamente vedados,
sinalizados, protegidos lateral e superiormente, com as dimensões
mínimas de 1,2 m de largura e 2,2 m de altura” e ainda que esses
corredores “devem ser bem
iluminados e mantidos em bom estado de conservação, com o piso uniforme
e sem descontinuidade ou socalcos, por forma a garantirem aos utentes
total segurança”.
Ora, considero as situações atrás
referidas como reveladoras de uma clara falta de respeito, da
parte dos promotores e das entidades públicas que as consentem, para
com os direitos dos cidadãos que gostam, necessitam ou querem
deslocar-se a pé em condições de segurança e comodidade. Faço
ainda notar que moro, como sempre morei, no centro da cidade e pretendo
usufruir plenamente dos espaços públicos em conformidade com o que é de
meu direito pelo que não poderei
compactuar com este tipo de situações.
|
|
Quero ainda aqui evidenciar o facto de, há poucos meses, na Av. das
Forças Armadas, no local identificado na
foto ao lado, uma cidadã prosseguindo a caminhada pela faixa de rodagem,
certamente com a intenção de contornar a dificuldade que apresenta o uso
de um passeio obstaculizado e exíguo como este, ter sido mortalmente
colhida por uma viatura automóvel.
Ocorrência que, infelizmente, dá razão e justifica a denúncia pública
deste tipo de situações anómalas e geradoras de riscos potenciais que
reclamam que se encare com a devida seriedade o acondicionamento
adequado da infraestrutura de mobilidade pedonal.
|