Artigo de opinião
Publicado em 02/09/1997
(Original em PDF) |
É intenção da Câmara Municipal de Bragança levar
a efeito algumas intervenções em diversas artérias nesta cidade no
sentido da melhoria das condições de circulação.
Discordando das soluções entretanto aprovadas, nomeadamente a que se
propõe para a av. João da Cruz, e revelando-se nelas, do meu ponto de
vista, a inexistência de princípios orientadores minimamente credíveis é
minha preocupação pessoal apresentar aqui o assunto ao conhecimento
público na tentativa de suscitar o debate sobre estas questões pois fui
levado, enquanto cidadão utente e interessado nesta área de estudo, a
reflectir e encontrar soluções alternativas que assegurem não só
melhores condições de circulação automóvel e pedonal mas ainda uma
melhor gestão e valorização do espaço urbano.
Espero assim, com esta minha atitude, alertar a opinião pública, e
simultaneamente os intervenientes políticos, para a necessidade de uma
abordagem mais global da questão da circulação dado que alguns exemplos
anteriores de intervenções não contribuíram, do meu ponto de vista, para
a melhoria desejável da qualidade urbana desta cidade.
Em particular, algumas das opções pela sinalização luminosa que surgiram
nos últimos anos não terão sido objecto de reflexão adequada das
condições de funcionamento das intersecções. Com efeito, embora sejam
notórios alguns constrangimentos à circulação automóvel em certas zonas
da cidade, não me parecem ser de carácter alarmante de forma a obrigarem
à adopção sistemática deste tipo de soluções pelo que deveriam ser
idealizadas soluções alternativas, com melhores resultados globais em
termos de segurança, ambientais e económicos, tendo-se ainda em conta a
necessidade de harmonizar as diversas funções que os espaços urbanos
devem desempenhar.
A situação principal que neste momento queria pôr à discussão é a que se
verifica na confluência das várias artérias com a avenida João da Cruz,
para onde a Câmara tem prevista uma solução de semaforização
generalizada dos cruzamentos. Seria desejável que a opção pela sua
instalação tivesse sido precedida de estudo adequado que eventualmente
apontasse nesse sentido, o que julgo não terá sido feito, já que me
parece não ser essa a solução mais óbvia à partida.
Deverá ainda atender-se ao facto de a malha viária no centro da cidade
se encontrar estruturada com a configuração que apresenta há já algumas
décadas, exceptuando-se a construção recente da Avenida Sá Carneiro.
Persistindo alguns "vazios" urbanísticos que não têm permitido o
desenvolvimento de alternativas viárias às existentes, apesar da
contínua evolução da taxa de motorização e do crescimento da cidade, tal
facto tem levado a que se venham agravando continuamente as condições de
circulação na avenida João da Cruz já que se trata de um ponto de
passagem obrigatório para a generalidade do tráfego urbano. É urgente
então, ainda por razões urbanísticas, que se opte por desenvolver a
malha urbana em toda a zona que se estende desde a praça Cavaleiro de
Ferreira até à zona de Vale d'Álvaro através dos terrenos livres onde se
incluem os da antiga Estação do caminho-de-ferro, o que constitui
actualmente um autêntico deserto urbanístico.
A solução agora prevista pela Câmara tem por base a instalação de
sistemas de sinalização luminosa nos três cruzamentos da avenida João da
Cruz, para regular os diversos fluxos de tráfego automóvel e de peões,
mantendo-se a sua actual estrutura no que respeita à definição das vias
de circulação, passeios e placas ajardinadas. Prevê-se apenas a
construção de uma nova placa central, semelhante às existentes,
configurada pela zona que se encontra actualmente demarcada no pavimento
a traços amarelos em frente aos Correios. Paralelamente prevê-se a
instalação de barreiras metálicas no bordo de alguns passeios com o
intuito de impedir o acesso dos peões ás faixas de circulação automóvel.
Ora, julgo que se está a querer resolver um problema de gestão da
circulação automóvel optando-se por soluções rígidas (semáforos e
barreiras metálicas) sem se procurar simultaneamente uma reorganização
dos espaços disponíveis, o que seria perfeitamente possível neste caso.
Imaginemos, a este propósito, no que resultaria a colocação de barreiras
metálicas no passeio em frente aos Correios, onde já é evidente a sua
largura exígua. É ainda evidente a existência de excessivos obstáculos à
circulação dos peões ao longo dos passeios nesta e noutras artérias da
cidade.
Parece-me, portanto, que seria de optar por solução mais flexível que
evite os diversos inconvenientes da sinalização luminosa, que permita
ainda uma melhor utilização do espaço urbano e uma melhor eficácia da
gestão das circulações. Em próxima oportunidade apresentarei solução
alternativa.
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